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100 anos do Dia do Trabalhador no Brasil: conheça a origem da data

Na década de 1920, Artur Bernardes instituiu o Dia do Trabalhador no Brasil, em meio a agitações sociais e políticas. Sua gestão foi marcada por uma relação ambígua com os trabalhadores, combinando avanços legislativos e repressão.


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O Brasil dos anos 1920 era um caldeirão de tensões sociais e políticas, e o período em que o advogado e político Artur da Silva Bernardes ocupou a presidência do país foi marcado por essas turbulências.


Sob seu governo, episódios como a Revolta Paulista de 1924, a Revolta em Sergipe, a Comuna de Manaus, a Campanha do Paraná, a Coluna Prestes e a Coluna Relâmpago ecoaram por todo o território nacional, deixando um legado de agitação e luta.


Artur Bernardes presidiu o Brasil de novembro de 1922 a novembro de 1926, e é lembrado especialmente por ter instituído, há 100 anos, o feriado nacional do dia 1º de maio, o Dia do Trabalhador, por meio de um decreto em 26 de setembro de 1924.


Esse gesto ecoava movimentos grevistas ocorridos em Chicago, nos Estados Unidos, em 1º de maio de 1886, que terminaram em conflito e violência policial, resultando em trabalhadores presos e mortos.



Entretanto, a relação de Bernardes com o movimento operário era ambígua. Enquanto o presidente era favorável à repressão e violência contra movimentos de protesto, uma de suas plataformas de campanha visava avançar na criação de legislação para proteger os interesses dos trabalhadores.


Durante seu governo, foi promulgada a Lei Eloy Chaves, precursora do sistema previdenciário brasileiro, e criado o Conselho Nacional do Trabalho para discutir questões trabalhistas.


Porém, pesquisadores como Paulo Rezzutti e Paulo Henrique Martinez caracterizam a relação entre o governo de Bernardes e o proletariado como tensa e marcada por tímidos avanços assistenciais.


O contexto político oligárquico da época não favorecia uma integração democrática com os segmentos populares, e o estabelecimento do Dia do Trabalhador parecia mais uma estratégia política para apaziguar as tensões do que um compromisso efetivo com os direitos trabalhistas.


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Historiadores como Victor Missiato e Marco Antonio Villa destacam que o governo de Bernardes enfrentou enormes dificuldades de negociação com a sociedade civil e partidos políticos, o que refletia as limitações do sistema político da República Velha. A instabilidade social e política era intensificada pela repressão aos movimentos operários, que enfrentavam perseguição e censura.


O contexto internacional também influenciava as transformações no cenário político e trabalhista brasileiro. A Revolução Russa de 1917 e a formação de partidos comunistas estimularam debates sobre direitos sociais e políticos dos trabalhadores, enquanto a criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) pressionava os países a melhorarem as condições de vida e trabalho.


Apesar das tensões e da repressão, o estabelecimento do Dia do Trabalhador por Artur Bernardes representava um reconhecimento da importância crescente do operariado na sociedade brasileira.


A data, embora inicialmente não tenha sido celebrada de forma significativa durante seu governo, ganhou relevância nos anos seguintes, especialmente durante o governo de Getúlio Vargas, que a utilizou como plataforma para a divulgação de leis trabalhistas e benefícios aos trabalhadores.



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