Reajustes salariais caem e inflação pressiona negociações coletivas
- Pedro Emerenciano

- 11 de jun.
- 2 min de leitura
Apenas 67,7% dos reajustes salariais de abril superaram o INPC; aumento da inflação elevou o valor necessário para recompor salários

Abril encerrou com o menor percentual de ganhos reais nos reajustes salariais dos últimos doze meses. Segundo dados do Dieese, apenas 67,7% das negociações resultaram em aumentos acima da inflação medida pelo INPC, rompendo uma sequência que vinha mantendo esse índice próximo ou acima de 80%.
O percentual de reajustes abaixo da inflação subiu para 20%, o mais alto desde agosto de 2022.
O panorama se agrava diante do avanço da inflação. O INPC acumulado exigiu, em abril, um reajuste mínimo de 5,20% para manter o poder de compra dos salários, o maior índice dos últimos doze meses. Para maio, a projeção de correção inflacionária sobe ainda mais, alcançando 5,32%.
Apesar do aumento na proporção de reajustes inferiores à inflação, a variação real média dos reajustes salariais em abril atingiu 0,89%, superando os índices observados em março (0,78%) e nos últimos meses de 2024.
“Esse resultado se deve aos expressivos ganhos reais conquistados por algumas categorias com reajustes acima do INPC”, informa o boletim técnico do Dieese.
Destaques incluem trabalhadores do comércio, da construção civil, do setor mobiliário e de serviços privados de saúde.
O cenário parcial, no entanto, ainda pode se alterar. Até o fechamento da análise, apenas 10% das negociações de abril haviam sido computadas.
No acumulado de 2025, até abril, 82,4% dos reajustes registrados superaram a inflação, com variação real média de 1,22%.
Em perspectiva de doze meses, o percentual é levemente superior: 83,7% dos acordos apresentaram ganhos reais, e a variação média foi de 1,25%.
Desempenho setorial e regional
Entre os setores econômicos, os melhores resultados em 2025 foram verificados no meio rural (86,8% de reajustes acima da inflação) e no setor de serviços (84,5%). A indústria alcançou 81,1%, e o comércio ficou com 77,3%.

A variação real média acompanha essa tendência: 1,74% no setor rural e 1,40% nos serviços.
Regionalmente, o Sudeste lidera em 2025 com 86,4% dos acordos superando a inflação, seguido pelo Sul (83,1%). Essas regiões também registraram as maiores variações reais médias: 1,52% no Sudeste e 1,08% no Sul.
Já o Centro-Oeste aparece com 1,14%, destacando-se como a terceira região com melhor desempenho.
Reajustes escalonados e parcelados
Os reajustes escalonados, aplicados de forma diferenciada entre faixas salariais ou conforme o porte da empresa, foram identificados em 17,7% das negociações de abril.
Os reajustes parcelados, que preveem pagamentos em mais de uma etapa, mantiveram-se em nível baixo: apenas 1,5% dos acordos utilizaram essa estratégia.
Pisos salariais
O piso salarial médio dos acordos assinados em 2025 ficou em R$ 1.738, enquanto o valor mediano alcançou R$ 1.620. O setor de serviços apresenta o maior piso médio (R$ 1.775), enquanto o setor rural lidera o valor mediano (R$ 1.755).
O Sul concentra os maiores pisos regionais, com média de R$ 1.864 e mediana de R$ 1.831.
No consolidado dos últimos 12 meses, o maior piso médio passou ao Sudeste (R$ 1.837), e a mediana continuou sob domínio da região Sul (R$ 1.776).




Comentários